sexta-feira, 29 de maio de 2020

Quote e trecho do livro - Atos Inesperados


Trecho de Livro

Carmem pegou as chaves do carro e sua bolsa que já estavam pendurados próximo a porta para o caso de emergências. Depois de receber uma ligação de seu amigo, o delegado Eduardo Pacheco, Carmem dirigia rumo a Trigésima Terceira Delegacia de Homicídios e Atos Infracionais. Enquanto dirigia o carro, falava em voz alta quase como se estivesse conversando com alguém.

 — Eu não aguento mais todas as besteiras que o Alex vem aprontando. Essa de filho rebelde não dá mais para suportar. Chega de passar a mão na cabeça dele, hoje ele vai arcar com as consequências de seus atos. Todos os professores reclamam dele na escola, já nem sei quantos termos de responsabilidade prometendo que ele vai melhorar, eu tive que assinar.

Eu sei que a morte de um pai, é um fardo pesado demais para um adolescente carregar, mas tem cinco anos que o Dantas morreu, já está na hora do Alex começar a superar essa dor, a vida segue e nós temos que continuar seguindo também, afinal, ainda estamos vivos. Para mim também tem sido difícil aceitar a morte de meu eterno Dantas! Mas nem por isso deixei de assumir as minhas responsabilidades como mãe, e agora, pai de família. Criar e educar um filho sozinha não é uma tarefa fácil, ó meu querido Dantas me ajude a colocar um pouco de juízo na cabeça de nosso filho!

Carmem estacionou o carro em frente à delegacia, olhou no espelho retrovisor, seus olhos castanhos, estavam vermelhos e um pouco inchados, de tanto que tinha chorado, a maquiagem estava borrada e uma lágrima escura escorria no canto do olho. Com um lenço branco que trazia sempre em sua bolsa, enxugou as lágrimas que derramou durante aquele pequeno trajeto que fizera de sua casa até a delegacia. Olhando para o lenço manchado em suas mãos, cheirou-o profundamente. Era incrível que mesmo depois de tantos anos sendo lavado, aquele lenço ainda carregava o perfume forte e amadeirado que Dantas usava. O cheiro daquele lenço, fazia ela sentir a presença de Dantas ao seu lado, por isso, sempre que se encontrava em uma situação difícil, ela o segurava próximo ao rosto. Olhando no espelho, retocou a maquiagem, deu dois tapinhas nas bochechas e saiu do carro.

Apesar de seus quarenta e dois anos de idade, Carmem ainda era uma mulher muito atraente, dona de um corpo esbelto e bem definido, chamava a atenção por onde passava, não somente dos homens, mas principalmente das mulheres, talvez fosse por usar os cabelos pintados de um ruivo cor de fogo tão vivo que quase parecia ser uma peruca. Carmem era professora de educação física e dava aulas na Escola Estadual Professor Barroso Tostes, a mesma escola em que seu filho Alex estudava. Ela bem que tentava ficar de olho nele o máximo que podia, mas ele sempre acabava dando um jeito de escapar de suas vistas, e quando isso acontecia, era certo que iria aprontar. Entrando na sala do Delegado Pacheco, Carmem o cumprimentou, já perguntando:

— O que o Alex aprontou dessa vez?

— Sente-se Senhora Carmem — com um sorriso nos lábios e apontando para a cadeira, respondeu o Delegado Pacheco. — Não se preocupe, Alex não fez nada que seja considerado muito grave, mas como todo ato tem suas consequências, ele acabou vindo parar aqui. Alex quebrou a vidraça de uma loja de confecções e...

Antes que o Delegado terminasse de falar, Carmem olhando para o filho que estava sentado em uma cadeira encostada na parede, exclamou:

— Meu Deus! Alex onde você estava com a cabeça para cometer um vandalismo desses?!

— E tem mais — continuou o Delegado Pacheco. — Ele estava alcoolizado.

Mais decepcionada do que com raiva, em um tom de tristeza, novamente Carmem exclamou:

— Agora só falta o senhor me dizer, que ele estava usando drogas também!

— Tenha calma senhora Carmem, também não é para tanto, mas posso lhe garantir que Alex, será punido por este ato de vandalismo. Ele terá que cumprir medidas socioeducativas, pagará pena durante quatro fins de semana, fazendo limpeza na Casa da Hospitalidade, uma casa de repouso para idosos que fica a três quadras daqui. E, senhora Carmem, o Alex já tem dezessete anos, logo ele fará dezoito e as coisas podem mudar de situação para o lado dele. Seja qual for o problema que estiverem passando, tenha em mente que, ele precisa de ajuda profissional, acho que a senhora entende o que quero dizer.

— Eu compreendo o que o senhor quer dizer Delegado, Alex está precisando de ajuda psicológica, acho que ele ainda não conseguiu superar a morte do pai.

— Eu sinto muito por sua perda senhora Carmem, Dantas não era meu amigo, pois eu não o conhecia. Na época em que tudo aquilo aconteceu eu ainda não trabalhava aqui, mas conhecia o trabalho dele, e sei que ele era um excelente policial e honrava a corporação.

— Eu lhe agradeço muito, Delegado Pacheco, vou conversar com meu filho e procurar ajuda profissional o mais breve possível. Providencie tudo para que Alex assuma suas responsabilidades, pois ele tem que saber que cada ato tem suas consequências. E muito obrigada por ter me ligado e cuidado bem do meu filho.

Alex estava sentado em uma cadeira próximo a porta de entrada da sala, junto a um bebedouro de água que já estava quase vazio. Os fones no ouvido o impedia de ouvir a conversa, pois estava ouvindo música no volume máximo. Carmem assinou alguns papeis e se despediu do Delegado, levantou-se e saiu levando Alex com ela.

No carro, não trocaram uma única palavra, Carmem, apenas ligou o som colocando para tocar, um CD da cantora Madonna. Carmem só queria se acalmar, qualquer coisa que falasse naquele momento de raiva e frustração, magoaria profundamente aos dois, enquanto estivessem no carro, o silencio seria a melhor opção, porém, quando chegassem em casa, ela iria ter uma longa e séria conversa com Alex.

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